terça-feira, 18 de maio de 2010

Construindo um Icoságono - Capítulo 4


Não há nada igual ao Forró


Um dia alguém me disse: “você não deve se preocupar com todos os 'se' da vida. Então aproveite e relaxe!”.

Salvador.

Apesar de todas as festas do verão e algumas no inverno, há uma grande quantidade de meses que ficam intercalados entre as extremidades e que precisam ser preenchidos devido ao tédio. Precisamente 6 meses, seis meses ininterruptos de pleno tédio.

Existem pessoas que se contentam apenas com boates e bares, mas às vezes nem estes passatempos são suficientes para satisfazer o meu conceito de diversão. Não que eu seja do tipo difícil de agradar, mas, pelo fato de que venhamos e convenhamos “tunts” no “pé do ouvido” a noite toda, todo final de semana, ou então, ir ao bar, sentar numa mesa, conversar com os amigos, perguntar qual a novidade, ouvir sempre a mesma resposta de que novidade não existe, apenas as velhas, não é lá meu tipo preferido de passatempo. Eu precisava fazer algo novo, alguma coisa diferente, estava disposta a tentar qualquer tipo de atividade exceto academia e suicídio (não são meus esportes favoritos, pelo menos, não que eu tenha imaginado nos últimos tempos). Foi então que eu descobrir o Forró Universitário.

Não foi fácil para eu decidir dançar, afinal, como para qualquer outra coisa, eu sou um desastre total, um digamos assim... Imã para o perigo e na dança não seria muito diferente. Precisei de literalmente umas 10 aulas pra aprender o básico do forró universitário – O giro simples, na verdade precisava-me sentir segura entre o chão e mim mesma para confiar em alguém me girar. Sem muito sucesso. Literalmente eu não nasci para dança, mas eu não queria desistir, era um desafio novo, isso me fascinou.

Começamos a aprender forró com Fabrício, vizinho de Binha e excelente professor, alguém que devo muito, por sua paciência e determinação quando resolveu encarar esse projeto de ensino. Praticamos muito antes de encararmos definitivamente um show e o primeiro local que fomos foi o Empório, uma casa de show situada no imbui onde massapé entre outros grupos de forró costumavam tocar aos domingos, uma boa casa de show, porém muito pequena, além disso, me sentia péssima vendo somente profissionais de dança humilhando quem chegava, eu tinha que aprender aquilo. O forró universitário para quem está de fora pode não parecer um grande feito, mas, para quem está dançando seja lá um xote, um baião ou um xaxado e fecha os olhos, no momento em que está dançando, tudo parece girar ( não é pra menos , você está rodando ) e a sensação é extraordinariamente indescritível, só quem dança sabe o sabor de apreciar esse estilo, na verdade, essa arte.

Os shows no empório costumavam terminar mais precisamente entre onze, onze e meia. Era complicado chegar em casa com o pé acabado,cheio de bolhas, pois no inicio não usávamos sapatilhas, e no dia seguinte encarar uma segunda feira entediante de faculdade, más , isso não foi suficiente para que eu desistisse de dançar.O forró tornou-se um estilo de vida para mim e meus parceiros ( Bárbara , Fabrício , David e Leo ).Começamos a ensaiar pelo menos uma ou duas vezes na semana e praticávamos no final de semana.

Com o tempo todos fomos absorvendo a pratica, elogios foram recebidos e cada vez mais nós fomos aprimorando e conhecendo gente.

É uma boa maneira de conhecer pessoas.

Foi escutando o forró massapé, estilo diferente, novo, que utilizava em um dos muitos instrumentos, o violino, capaz de fazer qualquer pessoa se apaixonar pelo som e literalmente “viajar” nas canções que eu me aprimorei no forró. Eu não fui muito além, se em qualquer parte do dia me encontrasse estressada ,por qualquer motivo banal que houvesse, bastava apenas o som do violino na música “volta” para me acalmar, pelo menos sempre funcionou.

“Se eu pudesse não ter mais que ir embora e tivesse a chance de escolher, trancava o mundo do lado de fora e ficava a noite toda com você. A lua ilumina o céu lá fora, mas convida o sol pra amanhecer e se as estrelas somem nessa hora prometem o teu brilho amanhecer.... Deixa eu ir , não vá chorar, já é difícil vendo só você sorrindo, sonho bom , de se sonhar , a gente sonha mesmo sem está dormindo”

Forró Massapé foi o estopim para meu aprisionamento no forró, pelo seu jeito cativante, igual, mas diferente.

“Me apaixonei por forró e agora vivo só nessa brincadeira”

Afinal,

Não há nada igual ao Forró.

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